o tempo e a maré não esperam por ninguém

O TEMPO E A MARÉ NÃO ESPERAM POR NINGUÉM.

"Eis um adágio sem idade.

Os marinheiros e os pescadores querem com isso dizer apenas que os horários de um barco são determinados pelo oceano, e não pelas conveniências humanas. Mas por vezes sento-me aqui, depois do chá me ter acalmado o pior da dor, e penso. As marés não esperam por ninguém, e isso eu sei bem que é verdade. Mas e o tempo? Não terá a época em que nasci aguardado o meu nascimento? Não se desenrolaram os acontecimentos numa determinada direcção como as grandes engrenagens de madeira de um relógio, entrelaçando-se com a minha concepção e empurrado consigo a minha vida? Não reclamo para mim grandeza. E, contudo, se não tivesse nascido, se os meus pais não tivessem sucumbido a um acesso de desejo, tantas coisas teriam sido diferentes. Tão diferentes. Melhores? Creio que não. E então pestanejo e tento focar os olhos, e ponho-me a pensar se estes pensamentos vêm de mim..."

in ASSASSIN'S APPRENTICE by Robin Hobb

Identifico-me. Os meus progenitores também sucumbiram a um acesso de desejo… e lá nasci. Provavelmente não no melhor tempo… mas isso também não se escolhe.

Da mesma forma, também não escolhi esta estranha forma de vida. Foi-me imposta.

Sonhei, como qualquer pessoa, mas nunca tive a coragem de perseguir os meus sonhos.

Fiz escolhas, as quais foram condicionadas por circunstâncias da própria vida, que me tornaram na pessoa que sou hoje. Vivi experiências das quais tentei retirar o melhor para mim, para o meu crescimento, ou talvez não… errei muito, mas creio que aprendi.

Mas invariavelmente sinto-me uma inútil, não que o seja realmente, eu até tento fazer algo da vida, apenas gostava de não me limitar a sobreviver nesta selva urbana.

Quando era pequena acreditava, na minha ingenuidade, que iria ter um futuro brilhante apenas por me chamar Sibila, achava que a minha unicidade bastava. Agora limito-me a esboçar um sorriso. Brilhantes são as estrelas no firmamento, não o comum dos mortais!

Ai, apetece-me dizer um chorrilho de asneiras!

Pois é, como muito bem referiu Séneca “quando um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe é favorável”!