incertezas e a espuma dos dias

Levanto-me da cama... acendo um cigarro... e lembro-me daquela canção "preciso do pão de cada dia, eu não sou filha do padeiro, então preciso do dinheiro" e com este pensamento arrasto-me pro trabalho... vou no metro, no bus e observo... o Tuga anda carrancudo, de cenho franzido, preocupado à beira do desespero... e essas energias negativas impregnam-se no meu ser e não há sorrisos fáceis e os dias sucedem-se à espera de um novo amanhecer... maldita espuma dos dias!
Penso no que fazer para contrariar esta tendência... mas os dias são sempre iguais e rotineiros e as conversas murmuradas e abafadas, entre cafés da manhã só me deixam mais apreensiva...
Acendo mais um cigarro, quando a minha vontade é entregar-me ao desespero, inalo, respiro fundo e imagino dias felizes à beira mar, sem problemas com que me preocupar... ai que o Verão do meu contentamento nunca mais chega!
E aquela maldita canção não me sai da cabeça... e o dia arrasta-se ansiando por aquela surpresa que nunca chega... e a desilusão estampada no rosto apaga aquele sorriso caloroso... e apetece-me gritar que não posso mais, mas a esperança irracional por dias melhores, convulsiona o meu corpo a dar mais um passo para um futuro incerto e contrario a minha mente, para poder seguir em frente!
E quando o dia termina, não chego a conclusão nenhuma... apenas que estou a desperdiçar a minha juventude em prole da única hipótese que me foi concedida!
Ai de mim... a única palavra que não me sai da cabeça é resignação... sim resignação!
Não é o que todos fazemos? Eventualmente resignamo-nos à espuma dos dias...
Quando somos jovens, somos idealistas, achamos que podemos mudar o mundo, mas depois que engrenamos na máquina da sociedade, e termos que nos sustentar para viver... as coisas mudam... e felizes aqueles que se mantêm fieis aos seus ideais e lutam pelos mesmos, pois os resignados não podem mudar o mundo, apesar de o manterem nos seus alicerces.
É isso que eu sou, uma resignada, apesar de indignada com esta forma de existência a que nos "obrigam"! 
Haverão, muitos que como eu andam indignados com tanta resignação... e se eles soubessem a força que têm... juntos poderíamos mudar as normas vigentes e instituídas.
Então se compreendem o que quero dizer, digam-me o que podemos fazer?!





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