compro logo existo

Aqui há uns tempos li uma crónica, da Isabel Stilwell que dizia, que o silogismo nas mulheres não é penso logo existo, nem sinto logo existo, mas sim compro logo existo.
E qual é a mulher que não adora fazer isso mesmo? Então se estivermos "deprimidas" com a vida, ui!
Parece pecado  falar disto, em tempos de crise, mas a verdade é que até em época de crise precisamos de nos mimarmos.
Bem sei que não devíamos valorizar bens materiais, mas o quotidiano diário desgasta-nos tanto, que por vezes, darmo-nos a pequenos prazeres, não pode ser assim um pecado tão grande, todos os males fossem esses.
E se "compramos logo existimos" a culpa é da própria sociedade, que nos impele ao consumo, desde tenra idade.
Para contrariarmos essa tendência, tínhamos que nos desprender de bens materiais, e valorizar mais o plano sensorial e intelectual.
Como fazê-lo, talvez investindo mais na cultura, em abrir horizontes... mas quem sou eu para falar de tais coisas? Eu adoro comprar e existir tanto quanto a vizinha do lado. É muito mais simples, apesar de nos deixar mais vazios...
Nós fartámo-nos de  pensar existindo e de existir sentindo, por isso existimos comprando. E já nem isso nos é permitido fazer, esse facto podemos agradecer aos nossos governantes.
Fartamo-nos de trabalhar e o parco salário não nos pertence, nunca pertenceu.
Se virmos bem as coisas, nós (todos) só pelo facto de estarmos vivos, de existirmos, de pensarmos, estamos a pagar por isso. Até quando estamos a dormir estamos a pagar, pagamos para viver!
E eu pergunto, há justiça nisto?



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