A Mudança #4






Sim, sem dúvida era agradável estar ali e desfrutar daquele momento - pensava - ainda que em tom de despedida... - os seus pensamentos são interrompidos por uma suave pressão de uma mão na sua.
- Sabes, estes últimos meses percebi que te tornaste uma pessoa importante para mim... mais importante, quero dizer... - é interrompido.
- Tu também és importante para mim - diz-lhe ela - mas não confundas as coisas, somos amigos, não me vais perder, apenas vou mudar de trabalho. - remata.
- Eu sei... talvez assim se quebre essa tua barreira, intransponível! - suspira e dá um último gole da sua cerveja - Pedimos outra? Já que não se consegue quebrar o gelo, vamos afogá-lo! - pisca-lhe o olho.
- Why not?! - riposta - Afinal é sexta e a noite será uma criança!
  
Acorda no dia a seguir, completamente vestida por cima da cama. Demorou alguns segundos a ajustar a memória dos factos. Não se lembrava muito bem de chegar a casa, mas sabia que teria vindo tarde. Provavelmente, tinha adormecido pelo caminho, mas divertira-se! Enquanto preparava um café o seu gato roçava-se em sua perna a pedir comida.
- Olá Bichano! Tens fomeca? Vamos lá! - abre uma latinha e despeja-a no comedouro ao mesmo tempo que afaga o pelo suave do gato.

À medida que se ia recordando dos acontecimentos da noite anterior, não podia deixar de esboçar um sorriso ao lembrar-se da não subtil insinuação dele... deixava-a lisonjeada, até contente mas um pouco apreensiva... apreciava e valorizava a sua amizade, não podia deixar que algo como um envolvimento a outros níveis fizesse perigar a amizade. 
E tinha percebido muito bem aquela indirecta da barreira intransponível. O facto de já não serem colegas de trabalho, do mesmo trabalho neste caso, quebrava um tabu seu, não se relacionar amorosamente com colegas de trabalho! Ora bolas, mas não havia confusão possível, aquela amizade era uma amizade. E quanto mais pensava nisso, mais achava que a sua liberdade não tinha preço. Estava bem assim, consigo mesma, para quê arranjar chatices?!
Enfim, afasta tais pensamentos da sua mente e resolve ir ver o que há de novo na web.
  
Nisto, toca o telefone. Era sua mãe. Bolas tivera uma semana tão cansativa e esquecera-se de lhe telefonar. 
"- Alô Mommy
- Ah estás viva! então está tudo bem?
- Sim, apenas cansada.
- Cansada? Aposto que acordaste agora, e já é tarde! 
- Sim, mas é Sábado!
- Bom, como queiras, só liguei pra saber se estavas bem. Conseguiste tratar de tudo?
- Sim, consegui! Agora só resta esperar a resposta.
- Vai ser positiva, vais ver! Agora vou te deixar descansar mais um pouco, vou para as minhas costuras! Beijo!
- Vá, Beijocas!"
Desliga o telefone e vira-se para o portátil, já estava ligado. No entanto já lhe aborreciam um pouco as redes sociais... a web era um mundo, podia pesquisar e viajar por onde lhe aprouvesse, mas acabava sempre por regressar às redes sociais. Enfim, talvez fosse ler um pouco ou escrever um pouco, sim definitivamente!

   Teria de arrumar a casa mais cedo ou mais tarde. Durante a semana não despendia de muito tempo e descurava um pouco as tarefas domésticas. 
Mas nesse dia a preguiça e a inquietação em que se encontrava ultimamente deixavam na sem vontade.  




(Continua...)








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